13 de ago. de 2011

Simplesmente Augusto!!


Simplesmente Augusto!
Sábia decisão!
Era 1982 quando esse calejado pequeno agricultor resolveu pegar sua esposa, seus oito filhos, algumas galinhas e um cavalo, colocar tudo em cima de um caminhão e vir com destino a Sorocaba, buscando um futuro melhor para sua família.
Essa foi a audaciosa coragem do seu Augusto Ferreira de Mello, o meu pai, o seu Augusto do Bosque dos Eucaliptos, depois de ver o seu filho chorando e chutando o arado que acabara de quebrar, pois estava arando uma terra cheia de soqueira. Ao longe, ele olhava meu irmão e, naquele momento, decidiu tentar um novo projeto para sua família. O filho mais velho tinha 18 anos e tinha nascido deficiente, teve paralisia infantil. O restante era tudo criançada, como se diz na roça, mas todos trabalhadores.
Depois de seis meses de uma vida difícil em Sorocaba, o Marcos, meu irmão mais velho e já operado com gesso em toda perna, fez amizade com os aposentados da ferrovia sorocabana, uma “espanholada” da Vila Hortência, em Sorocaba. Um deles, depois de pegar confiança no meu irmão e no papai, o seu Augusto, nos fez a proposta de cuidar do seu sítio em Araçoiaba, bem na divisa onde hoje fica a Polícia Rodoviária, na Raposo Tavares.
Dali, o papai foi capinar para o gerente da Cooperativa Agrícola de Cotia, que perguntou a ele se ele tinha filhos na idade de trabalhar. E todo, um a um, tirando a caçula, passaram a trabalhar e a morar na Cooperativa, a antiga Granja de Araçoiaba, e ele, o seu Augusto, arrumou um emprego no Hospital Vera Cruz, como porteiro. No entanto, ele logo fez uma proposta para os patrões: como tinha muita terra na propriedade do hospital, pediu para plantar e fornecer os produtos para o local, além de colocar os internos para ajudar na horta, o que funcionava como “terapia ocupacional”. Sábia decisão, plantou por anos naquele chão!
Criou oito filhos: o Marcos, hoje corretor e dono da M&C imóveis, o Marcião, segurança do Saae de Sorocaba e genro do seu Benito, de Araçoiabinha, a Meire, que casou cedo, aos 18 anos, hoje metalúrgica e trabalha na Flextronics, o Marcial ou irmão Maciel, como é conhecido pelos irmãos da Congregação Cristã no Brasil, que é segurança de um condomínio, a Madalena, que mora e toma conta do sitio do Dr. Edmundo, perto da fazenda do Bung, atrás do PróVida, no Jundiaquara, eu, Mara Melo, a única que teve a oportunidade de fazer um curso superior, e hoje estou há 12 anos trabalhando na assessoria do deputado estadual Hamilton Pereira, o Moisés, que é sexador de pintinhos, viaja pelo Brasil a fora trabalhando e é muito bem remunerado pelo que faz, e, por último, a caçula Mônica, hoje com 28 anos, e tem um escritório de contabilidade em Sorocaba.
Dá para ver que a mamãe, dona Jacira, grande mulher, forte e guerreira, hoje falecida, e o seu Augusto, construíram uma grande família em todos os sentidos. O papai nunca pode nos dar aquilo que tínhamos como desejo, mas sim aquilo que era possível. Duro, às vezes áspero, mas sempre correto. Sempre gostou de uma pinguinha, mas nunca deixou de perder um dia de trabalho na roça por conta disso.
Termino aqui como comecei: sábia decisão, provavelmente em Taguaí, nossa cidade de origem, não teríamos tido a oportunidade que essa terra querida nos proporcionou. Tenho a convicção que, não fosse esse pequeno, no entanto, grande homem, meus irmãos e seus netos não seriam quem são em outro berço! Obrigada pelo seu exemplo sempre tentando acertar, sei que foi isso que perseguiu a vida toda. Parabéns, velho “Gusto”, nós te amamos muito!
Feliz dia dos pais!!!


2 comentários:

Edgard Richard Martins disse...

Bela história de vida, não tive a sorte que vc teve de conviver tantos anos com seu Pai, perdi o meu muito cedo e minha mãe também, sinto em não poder fazer uma homenagem para meu Pai quando ainda vivo, Parabéns Mara
Abços
Pety

Mara Melo disse...

Que pena PetY, é tudo de bom!!!

Mara Melo

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